Profecia IV, A – O Despertar

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E eis que, dez anos após concluir satisfatoriamente a saga “A Profecia” com três filmes para o cinema, o produtor Harvey Bernhard decidiu ressuscitar o filho do Demônio. Sem conseguir despertar o interesse dos estúdios de Hollywood, Bernhard foi obrigado a aceitar um financiamento pequeno e realizar uma produção para a TV, com calendário apertado, locações modestas e atores desconhecidos. Porém, a falta de condições técnicas favoráveis não é um fator que pode ser utilizado como desculpa para a enxurrada de clichês e atuações deploráveis que se vê em “A Profecia IV – O Despertar” (Omen IV – The Awakening, EUA, 1991). Afinal, a obra-prima que é o filme de 1976 foi feito com ridículos US$ 2,2 milhões.

Como já havia feito na segunda – e mais fraca – parte da trilogia original, Bernhard escreveu de próprio punho o argumento original, desenvolvido depois pelo roteirista Brian Taggert. Se em “A Profecia II” o produtor já havia demonstrado falta de criatividade, por se limitar a reorganizar os elementos já previamente testados e aprovados no primeiro filme da série, aqui ele se repete mais uma vez. Sem o menor constrangimento, refaz diversas cenas da obra original, mostrando-as como se fossem algo novo. A rigor, “A Profecia IV” é igualzinho ao primeiro, apenas tomando o cuidado de trocar o sexo do protagonista – agora, o Anticristo é uma menina.

Assim, o longa-metragem começa com um casal de jovens advogados adotando a criança em um convento. O chefe da casa, Gene York (Michael Woods), acaba entrando na política e se elegendo senador. Enquanto isso, a mãe Karen (Faye Grant) começa a perceber coisas estranhas relacionadas à filha Delia (Asia Vieira). Ela não tem amigos e demonstra uma aversão inexplicável à religião, além de ser bastante agressiva. Como no primeiro “A Profecia”, a quarta parte da saga retrata os esforços heróicos de um pai para tentar desvendar o que há de errado com o filho.

Quem já viu o filme de 1976 deve ter notado que a semelhança é inegável. Porém, desta vez não apenas o esqueleto da narrativa é copiado; cenas inteiras foram refeitas para o novo filme. Há, por exemplo, uma morte por decapitação exatamente igual à ocorrida em “A Profecia”. A cena do batismo da criança satânica é similar. A pequena Anticristo também tem problemas com animais (saem os macacos, entram os cavalos). Há um cão negro e uma babá esquisita, como antes. E até mesmo a faixa etária escolhida para a história evoluir é idêntica, já que Delia tem sete anos, apenas um a mais que Damien Thorn tinha, na época do primeiro filme da trilogia original.

Como se não bastasse a cópia descarada, o elenco chega às raias do patético. Asia Vieira, a suposta filha de Satã, passa o filme inteiro com uma risadinha zombeteira no rosto, como se a expressão tivesse sido congelada, e recita os diálogos como se estivesse decorando uma oração complicada. Para completar a festa trash, o roteiro cria algumas das seqüências mais constrangedoras já vistas em filmes de horror, como a cena que se passa em uma feira esotérica (!) e a explicação bizarra sugerida pelo filme para a gravidez impossível de Karen, já perto do final do filme. Enfim, uma perda de tempo.

A edição vendida no Brasil tem o selo da Fox e é um disco simples. O filme tem boa qualidade de imagem (widescreen 1.85:1 anamórfico) e som OK (Dolby Digital 4.0). Não há extras. O mesmo disco é vendido separadamente e como parte integrante do pacote “A Profecia: Quadrilogia” (2006).

– A Profecia IV – O Despertar (Omen IV – The Awakening, EUA, 1991)
Direção: Dominique Othenin-Gerard, Jorge Montesi
Elenco: Faye Grant, Michael Woods, Michael Lerner, Asia Vieira
Duração: 97 minutos

2 comentários em “Profecia IV, A – O Despertar

  1. Discordo do autor da rezenha Rodrigo Carreiro. O enredo e cenas até podem ter sido bem parecidos com o 1°, mas achei essa garotinha bem mais assustadora que o anti-cristo original.

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