[rating:3]
Dirigido pelo obscuro cineasta húngaro Peter Medak, o thriller sobrenatural “A Troca” (The Changeling, EUA, 1980) é freqüentemente lembrado pelos aficionados do cinema de horror como um dos mais assustadores do gênero “mansão mal-assombrada” já produzidos. Se não chega a ter a elegância e o potencial apavorante do clássico “Os Inocentes” (1961), o longa-metragem soma vários pontos positivos, como o ótimo elenco de veteranos e uma locação principal bem sinistra, para mostrar-se uma produção feita sob medida para cinéfilos que curtem uma história de fantasmas que se leva bastante a sério.
De certo modo, é possível perceber que “A Troca” forneceu vários elementos reaproveitados no famoso “O Chamado” (inclusive no original japonês, cuja história básica é a mesma da refilmagem norte-americana de 2002). Vejamos: o personagem principal é um compositor clássico (o grande George C. Scott, de “Dr. Fantástico” e “Patton”, vencedor do Oscar por este último) que sofre um grande trauma com a morte da filha e da esposa, e decide se isolar do mundo, vivendo em um casarão centenário da fria Seattle. Lá, ele começa a ter visões inexplicáveis dentro da mansão, que o impelem a realizar uma investigação acerca de fatos ocorridos no passado daquela casa sinistra. Como em “O Chamado”, tudo leva a um cadáver escondido dentro de um poço – e a história está longe de terminar com essas revelações.
O que temos aqui é um roteiro clássico de filme do subgênero “casa assombrada”: o novo morador chega ao local, testemunhas manifestações de espíritos, e começa a investigar o passado do local. Mas há diferenças. Como o protagonista é um homem de meia-idade, não existe qualquer tipo de insinuação sexual na história. Além disso, a direção de Mediak privilegia o abordagem clássica do thriller, preferindo detalhar o passo-a-passo da investigação, e economizando nos sustos. Além disso, nos primeiros dois atos, a história é bastante coesa, definindo (através de uma assustadora sessão mediúnica noturna no casarão) até mesmo uma personalidade para o fantasma, personagem fundamental que nunca é realmente visto, mas sugerido através de elementos macabros como uma cadeia de rodas e uma caixinha de música.
Infelizmente, o terceiro e último ato destoa bastante da narrativa cheia de atmosfera sinistra que o filme se esmerou em construir. A partir da descoberta das circunstâncias em que ocorreu o crime misterioso dentro da mansão, bem como da verdadeira identidade do fantasma, o filme se joga de cabeça no melodrama, chegando mesmo a contradizer as regras que criara. Um exemplo? Até então, a assombração era relativamente dócil e só conseguia demonstrar os poderes sobrenaturais dentro da mansão, mas perto do final já está agressiva, chegando mesmo a cometer um assassinato a quilômetros de distância da casa. Mesmo com esses defeitos, “A Troca” tem potencial para agradar a todo mundo que gosta do gênero.
A produção saiu em DVD brasileiro com o selo Universal. O disco é simples e sem extras, com boa qualidade de imagem (widescreen anamórfica) e som (Dolby Digital 5.1).
– A Troca (The Changeling, EUA, 1980)
Direção: Peter Medak
Elenco: George C. Scott, Trish Van Devere, Melvyn Douglas, Jean Marsh
Duração: 115 minutos
Este filme eu assisti umas duas vezes e nunca cansa. É mesmo um filme que corresponde
à expectativa do gênero, há cenas de dar medo. Por exemplo, quando uma bolinha rola da
escada que conduz ao quarto de cima, o protagonista pega esta bola, leva-a longe e joga-a
num rio. Quão surpreso ele fica quando, ao retornar, ainda na porta, ver a mesma bolinha
rolando pela escada, de novo. Realmente assustador. Também a sessão de espiritismo
foi muito boa, parecendo ser autêntica, embora eu nunca tenha presenciado uma sessão
de espiritismo. Um bom filme.
CurtirCurtir
Esse filme é simplesmente DEMAIS!!!!!
Adoro George Scoott e este filme é um dos seus melhores. O assisti na década de 80 e nunca mais esqueci, sempre o procurei nas locadoras, em vão… Até que, finalmente, um amigo conseguiu baixar para mim! Delirei!
Recomendo!
CurtirCurtir