Snuff movies: lenda ou realidade? II

Desde 1975, o debate sobre a existência dos snuff vem rendendo muitos filmes em Hollywood. O primeiro a explorar o tema, na verdade, surgiu no rastro da polêmica aberta em 1975 sobre a existência da indústria clandestina dos assassinatos no cinema: “Snuff!” era um filme B, produzido na Argentina, no início da década, sobre uma gangue de motoqueiros assassinos. O filme foi investigado pelo FBI. A partir dele, vieram muitos. Nos anos 80, no auge da pasteurização sobre o tema, até mesmo a série de TV Miami Vice teve um episódio dedicado ao assunto.

Os principais nomes, no entanto, surgiram há poucos anos. Primeiro foi “Testemunha Muda” (Mude Witness, 1994, EUA), do diretor Anthony Waller. Nele, uma maquiadora de cinema muda fica presa num galpão e, acidentalmente, acaba testemunhando a filmagem de um snuff. Ela é perseguida pelos assassinos, pertencentes à máfia russa dos anos 40 (curiosamente, os russos são realmente acusados de terem sido pioneiros na produção dos snuff movies).

Depois, surgiu o assustador “Morte ao Vivo” (Tesis, 1996, Espanha), de Alejandro Amenábar. No enredo, uma garota que pesquisa para uma tese sobre violência no cinema acaba descobrindo acidentalmente uma quadrilha que produz filmes snuff dentro da universidade onde estuda. “O Bravo” (The Brave, 1997, EUA), de Johnny Depp, toca numa faceta mais humana: um índio pobre aceita receber US$ 50 mil, que doa à família, para protagonizar (e, claro, morrer de verdade) um filme snuff.

Já a literatura sobre snuffs não é tão rica. Somente dois livros – ambos lançados apenas nos EUA e atualmente fora de catálogo – abordam o tema com seriedade. O primeiro, “Killing For Culture”, de David Kerekes e David Slater, é mais sério. Tenta analisar a histeria das lendas sobre os snuffs sob um ponto de vista sociológico. Traça um longo painel dos filmes que mostram violência real, entre eles a polêmica coleção “Faces da Morte”, coletâneas de seis filmes que mostram cenas dantescas de execuções, acidentes e autópsias. A última edição chegou às livrarias gringas em janeiro de 1996.

O segundo livro é mais recente: surgiu em 1997, a partir de uma investigação feita pelo ex-militar israelense Jaron Svoray. O livro conta, detalhadamente, a peregrinação de Svoray por cidades como Los Angeles e Nova Iorque (EUA), Londres (Inglaterra), Amsterdã (Holanda), Paris (França), Belgrado (Iugoslávia) e Bangkok (Tailândia). O objetivo dele era encontrar um filme snuff e provar a existência de uma rede mundial de distribuição desses filmes.

Svoray consegue revelações chocantes. Em Nova Iorque, ele diz que viu – em vídeo – uma mulher ser morta a facadas após fazer sexo com dois homens. Paga US$ 1,5 mil pelo privilégio, numa sessão junto a vários homens bem vestidos, mas sai sem cópia alguma do vídeo. Em Paris, noutra reunião parecida de tarados, um comerciante lhe oferece um snuff por R$ 50 mil.

Na Iugoslávia, Svoray descobre que há produtores que filmam as atrocidades cometidas pelos soldados para vendê-las. Consegue um vídeo que mostra dois soldados matando uma mulher a facadas, mas acaba tendo o vídeo confiscado numa blitz. Svoray termina as buscas sem ter em mãos uma cópia sequer de um filme snuff – ou seja, apesar das histórias, ele nunca termina com uma prova real daquilo que está contando. “Gods of Death” também está esgotado.

3 comentários em “Snuff movies: lenda ou realidade? II

  1. Acabei de assistir ao documentário “Snuff: A Documentary About Killing on Camera” e decidi fazer uma rápida pesquisa na net. Lembrei que você havia escrito um artigo sobre o tema e decidi ler novamente. Aparentemente o assunto te interessa, então vai a dica: além do documentário já citado, que bem esclarecedor, dedicando, inclusive, algum minutos a algo muito mais terrível como snuffs feitos por pedófilos, “tenta” assistir aos filmes August Undergrounds e August Undergrounds Mordum. Punk total!

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